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Investimentos

31 de Março de 2023 as 00:03:08



JBS Resultado no 4º Trimestre/2022: QUEDA DA RENTABILIDADE


 
JBS Resultado no 4º Trimestre/2022
Queda de rentabilidade em todos os segmentos leva à menor margem consolidada trimestral dos últimos anos
Mary Silva, CNPI-P
Melina Constantino, CNPI
 
Diferentemente dos trimestres anteriores, em que a diversificação geográfica e de proteínas da JBS contribuiu para que a empresa apresentasse certa estabilidade nos números consolidados, no 4T22 a queda da rentabilidade operacional em todos os segmentos levou a uma forte desaceleração no resultado da  Companhia.
 
Conforme comentamos em nosso relatório de revisão de estimativas do setor de proteínas, uma combinação de tendências desfavoráveis nos diferentes segmentos de atuação da Companhia tem se sobressaído à principal vantagem competitiva da empresa, e apesar da expectativa de melhora gradual ao longo de 2023, acreditamos que o cenário ainda continuará desafiador.
 
Em geral, os números reportados vieram em linha com nossas estimativas. No consolidado, a receita líquida atingiu R$ 92,9 bilhões (-4,5% a/a), o EBITDA ajustado recuou 62,5% na comparação anual, para R$ 4,6 bilhões, e a margem EBITDA ajustada retraiu 10,1 p.p. em relação ao 4T21, para 4,9% - o menor patamar trimestral desde 2017.
 
Os principais destaques negativos foram as operações da JBS Beef North America, conforme esperado, refletindo a reversão do ciclo bovino e da queda nos preços de carne nos EUA, e da Pilgrim’s Pride, cujos resultados decepcionantes já haviam sido reportados.
 
Acompanhando o recuo da rentabilidade operacional, e refletindo o resultado financeiro negativo de R$ 2,1 bilhões (29,1% acima do 4T21), o lucro líquido teve redução de 66%, para R$ 2,2 bilhões, equivalente a R$ 1,06/ação.
 
Em nossa visão, no curto prazo, as tendências desfavoráveis observadas no 4T22 poderão se sobressair aos fundamentos de longo prazo da companhia, reduzindo a atratividade do papel também no que se refere à perspectiva de dividendos à frente, que devem ser mais modestos em relação aos valores pagos nos últimos dois anos.
 
Assim, mantemos nosso preço-alvo 2023e para JBSS3 de R$ 28,00 e a recomendação Neutra.
 
 
> Destaques por unidade de negócio
 
No 4T22, o resultado da JBS Beef North America continuou mostrando a desaceleração do segmento de bovinos nos EUA, com redução de 12,3% a/a na receita líquida, explicada pela queda nos preços médios de carne bovina no mercado interno e pela valorização cambial.
 
Além disso, os custos de aquisição de animais para abate se elevaram gradualmente ao longo do ano, em linha com a reversão do ciclo bovino na região, contribuindo para a significativa compressão de 85,5% do EBITDA ajustado na comparação anual e perda de 18,2 p.p. a/a de margem, que foi de apenas 3,6%. 
 
A JBS Australia também apresentou retração de receita líquida em relação ao 4T21 (-4,8%), explicada pela valorização cambial e pela queda das vendas no segmento de bovinos, que foram compensados pelo forte incremento das vendas no mercado interno em função das aquisições da Huon (negócio de salmão) e da Rivalea (suínos). Os custos de aquisição de gado permaneceram elevados e foram potencializados por questões sazonais (período chuvoso nas regiões pecuaristas, que reduz a oferta de animais para abate), ocasionando queda de 8,8% no EBITDA ajustado da unidade, mas menor impacto na margem, que ficou em 7,7% (-0,3 p.p. a/a).
 
Já a receita líquida da JBS USA Pork permaneceu estável na comparação anual, refletindo a redução da oferta de carne suína, e a melhora na demanda e no mix, que sustentaram os preços da carne no mercado interno. Por outro lado, os custos com aquisição de animais para abate dispararam, levando a uma redução de 14,2% a/a no EBITDA ajustado e de 1,6 p.p. a/a na margem, para 9,5%.
 
Após os resultados recordes do 2T22 e 3T22, a Pilgrim’s mostrou números decepcionantes no 4T22, como resultado da forte queda de preços de carne de frango em virtude do rápido aumento do alojamento de aves no mercado, o que gerou um desequilíbrio entre oferta e demanda, principalmente no México. A receita líquida teve queda de 3,8% a/a, enquanto o EBITDA ajustado recuou 61,4% a/a, refletindo também o impacto dos custos de produção elevados. 
 
Como consequência, a margem perdeu 6,2 p.p. a/a para 4,1% - o menor patamar já registrado pela Companhia. 
 
Brasil
 
No Brasil, a Seara registrou crescimento de +9,0% a/a na receita líquida, como resultado do maior volume e do aumento dos preços médios de venda na comparação anual, tanto no mercado interno – puxados pela melhora da categoria de produtos preparados – como nas exportações.
 
Vale ressaltar que os números representam uma desaceleração em relação ao recorde do 3T22, e que no 4T a sazonalidade é favorável em função das festividades de final de ano, além da realização da Copa do Mundo de 2022, excepcionalmente neste período. 
 
Além disso, os custos de produção se elevaram ainda mais, especialmente de farelo de soja, e mesmo com o repasse parcial aos preços de venda e a melhora no mix de vendas, o EBITDA ajustado foi bastante prejudicado (-38,0% a/a), assim como a margem, que ficou em 6,4% (perda de 4,8 p.p. a/a e o menor patamar desde o 2T18).
 
Por fim, a JBS Brasil apresentou ligeiro crescimento de 1,4% a/a na receita líquida, refletindo aumento nos preços médios de venda no período. A Empresa não apresentou detalhes sobre volumes e preços médios no mercado interno, mas reportou que as vendas domésticas tiveram retração de 11,4% a/a, refletindo a normalização em relação à forte base de comparação no 4T21, quando a suspensão das exportações para a China naquele período levou a um maior direcionamento de volumes para o mercado brasileiro. Já as vendas no mercado externo tiveram incremento de 7% a/a em US$, refletindo crescimento de volumes e preços médios. 
 
Por outro lado, o EBITDA ajustado recuou 51,2% na comparação anual, assim como a margem EBITDA ajustada, que teve queda de 2,6 p.p. a/a, para apenas 2,4%, o menor patamar dos últimos dois anos, segundo a empresa, devido a um desequilíbrio de oferta e demanda no segmento de couro, além do reflexo de uma piora no mercado chinês.
 
Destaques consolidado
 
No consolidado, a receita líquida atingiu R$ 92,9 bilhões (-4,5% a/a), o EBITDA ajustado recuou 62,5% na comparação anual, para R$ 4,6 bilhões, e a margem EBITDA ajustada retraiu 10,1 p.p. em relação ao 4T21, para 4,9% - o menor patamar trimestral desde 2017.
 
Os investimentos somaram R$ 4,7 bilhões no 4T22, sendo R$ 3,4 bilhões em CAPEX (em linha com o desembolso do 4T21) e o restante para aquisições. 
 
A dívida líquida encerrou o 4T22 em R$ 79 bilhões, com ligeira queda em relação à posição do 3T22 (-1,2%), como resultado da redução de R$ 2,5 bilhões na dívida bruta e de R$ 3,5 bilhões no caixa. No entanto, a alavancagem financeira em reais, medida pela relação dívida líquida/EBITDA ajustado, avançou para 2,29x (ante 1,81x no 3T22), impactada pela queda do EBITDA acumulado nos últimos doze meses. 
 
Apesar da elevação, entendemos que, por ora, o indicador não representa um substancial aumento de risco da companhia, já que seu balanço permanece sólido, tendo sido fortalecido pelos resultados recordes dos trimestres anteriores e refletindo as diversas iniciativas de gestão de passivos implementadas pela companhia, que levaram ao alongamento de prazos de pagamento e a fixação de taxas de juros para a maior parte das despesas financeiras. Vale lembrar que entre 2021 e 2022 a companhia foi classificada como investment grade pelas três principais agências de rating.
 
Os papéis da JBS continuaram perdendo força e acumulam 13,0% de desvalorização no ano, ante uma queda de 8,0% do Ibovespa no período. Conforme adiantamos em nossos relatórios de resultados anteriores da JBS e no relatório de revisão de estimativas do setor de proteínas, esse desempenho continua refletindo sobretudo as preocupações com a deterioração dos resultados consolidados da empresa em função da desaceleração do segmento de bovinos nos EUA (JBS Beef North America), que envolve principalmente a elevação de custos, diante do ciclo pecuário desfavorável, e o arrefecimento do ritmo da demanda e a queda dos preços. 
 
Adicionalmente, as tendências desfavoráveis nos demais negócios, considerando a pressão de custos de grãos e o cenário macroeconômico adverso nas diferentes regiões de atuação da companhia – que limita a venda de produtos de maior valor agregado – poderão se sobressair aos fundamentos de longo prazo da empresa, reduzindo a atratividade do papel no curto prazo.
 
Além disso, no curto prazo, os desdobramentos de questões sanitárias, como o caso atípico de “mal da vaca louca” no Brasil (que ocasionou a suspensão dos embarques de carne bovina à China), dos novos surtos de peste suína africana na China e a ocorrência de casos de gripe aviária em diversas localidades (Europa, México, EUA) – além da ocorrência de alguns casos na América do Sul – poderão levar a oscilações 
 
Com relação aos dividendos, a JBS pretende distribuir 25% do lucro líquido e será mais conservadora em movimentos de recompras de ações, o que, combinado com nossa estimativa de desaceleração dos resultados da companhia em 2023, traz perspectivas de dividendos mais modestos em relação aos valores pagos nos últimos dois anos.
 
Assim, mantemos nosso preço-alvo 2023e para JBSS3 de R$ 28,00 e a recomendação Neutra.
 
Confira no anexo a íntegra do relatório a respeito, elaborado por MARY SILVA, CNPI-P e MELINA CONSTANTINO, CNPI, analistas senior do BB Investimentos.

Clique aqui para acessar o aquivo PDF

Fonte: MARY SILVA, CNPI-P e MELINA CONSTANTINO, CNPI, analistas senior do BB Investimentos





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