Setorial BANCOS
Estatísticas monetárias e de crédito do Banco Central relativas a fevereiro de 2023
29.03.2023
por Rafael Reis, CNPI-P
Dados do mercado de ações
> Desempenho mensal.
O índice do setor financeiro (IFNC) operou ligeiramente acima do Ibovespa em março, influenciado por membros não bancários, enquanto a maior parte dos bancos sofreu com a eclosão da crise do SVB.
> Panorama do mercado bancário
⇒ Fevereiro.
Desaceleração de volumes em fevereiro foi catalisada pelo “efeito Americanas”.
⇒ Dados Mensais.
Os dados de crédito de fevereiro, divulgados pelo Bacen em 29/março, tiveram como destaques:
(i) recuo marginal da carteira de crédito SFN no comparativo mensal (-0,1%) principalmente por conta da PJ, e continuidade da desaceleração no comparativo anual (+12,6%, de +13,6%),
(ii) escalada marginal da inadimplência geral (3,3%), enquanto inadimplência dos créditos livres se manteve estável (4,5%) apesar do ligeiro aumento da PJ (2,4%, alta de 10 bps), e (iii) avanço do spread geral (20,9% ante 20,5% ) das novas concessões, e também do ICC (22,3% ante 22%).
⇒ Leitura e perspectivas.
Em fevereiro, vimos impacto mais significativo do “efeito Americanas” sobre a concessão ao crédito PJ, com desaceleração significativa destacadamente nas carteiras de desconto de duplicata, capital de giro total e antecipação de faturas de cartão de crédito. Embora sentido, o efeito não sugere um enxugamento de liquidez drástico – ao menos por enquanto.
Ainda assim, o movimento se soma a outros recentes: Mesmo limitado, em nossa visão, a conjugação desta desaceleração mais íngreme do crédito em fevereiro com a elevação da aversão ao risco percebida ao longo de março com a quebra dos bancos SVB e Signature, nos EUA, além da venda do Credit Suisse ao UBS em caráter emergencial na Europa, sugerem maior sensibilidade do setor ao noticiário.
Em nossa análise, a rápida resposta das autoridades monetárias internacionais aos casos citados vem sendo o principal argumento para o afastamento de uma crise sistêmica, mas possíveis revisões de projeções (guidances) e as ainda desafiadoras condições de inadimplência por aqui nos deixam predominantemente neutros em relação ao setor para 2023.
⇒ Dados de crédito do Banco Central
Fevereiro. Concessões ajustadas sazonalmente avançam +9,6% a/a, e mostram princípio de estabilidade. Saldo de crédito recua marginalmente a R$ 5,32 trilhões, levando a proporção crédito/PIB a 51,9%.
Crescimento. O crescimento no comparativo anual segue em dois dígitos, mas inversão da tendência a partir de junho desenha desaceleração, agora com o “efeito Americanas” sobre a PJ contribuindo pro movimento.
Inadimplência. Inadimplência geral e sobre créditos livres segue em deterioração. Destaque negativo para Créditos Livres PF, que já deixou o patamar pré-pandemia para trás.
ICC e Spread geral. ICC e Spread geral seguem em expansão, respondendo ao espaço para repreciifcação de carteiras de crédito dado o cenário de juros elevados.
Provisões e cobertura. Nível de provisões busca gradualmente uma normalização, enquanto cobertura vai recuando, retornando gradativamente ao nível próximo ao pré-pandemia.
Endividamento e Comprometimento de renda. Em janeiro*, comprometimento de renda alivia, perdendo o maior nível da série histórica. Endividamento segue estável, mas em patamar elevado.
Endividamento e renegociações (composição). Volume de renegociações desenha estabilidade, e inadimplência desta modalidade oscila próximo da máxima dos últimos 3 anos.
Confira no anexo a íntegra do relatório a respeito, elaborado por
RAFAEL REIS, CNPI-P, analista senior do BB Inestimentos