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Investimentos

Sábado, Dia 15 de Abril de 2023 as 01:04:06



GERDAU - Resultado no 4º Trimestre/2022 e Revisão de Preço: Resultados Fracos, Perspectivas Favoráveis


 
GERDAU - Resultado no 4º Trimestre/2022 e Revisão de Preço
Resultados mais fracos, mas perspectivas seguem favoráveis; novo preço-alvo 2023e
 
Por Mary Silva, CNPI -P
01.03.2023
 
A Gerdau reportou números mais fracos no 4T22, no comparativo trimestral, ligeiramente abaixo de nossas estimativas. Apesar da queda em todas as linhas operacionais, que levaram a um recuo de 32,4% t/t no EBITDA ajustado, para R$ 3,6 bilhões, a rentabilidade operacional ainda se manteve satisfatória, com margem EBITDA ajustada de 20,2% (-5,2 p.p. t/t), mas começando a se afastar do patamar recorde dos trimestres anteriores, conforme esperado. Já o lucro líquido teve uma queda mais expressiva para R$ 1,2 bilhão (-59,7% t/t).
 
A dívida líquida subiu para R$ 7,2 bilhões (ante R$ 4,3 bilhões no trimestre anterior), refletindo a redução na posição do caixa explicada pelo pagamento do expressivo valor de proventos e pelo maior desembolso para investimentos no período. Ainda assim, a alavancagem financeira permaneceu bastante controlada, em 0,33x dívida líquida/EBITDA, em função do forte resultado operacional dos últimos 12 meses.
 
Junto com a divulgação do resultado, a empresa anunciou sua estimativa para investimentos em 2023, a distribuição de dividendos e um aumento de capital por meio de reservas, que levarão a uma bonificação de ações aos acionistas.
 
Aproveitamos a divulgação do resultado do 4T22 para atualizar nosso modelo financeiro e revisar nossas estimativas para os próximos anos para a companhia. Apresentamos o novo preço-alvo 2023e para GGBR4 de R$ 35,00 (antes R$ 34,00) e mantemos a recomendação de Compra, considerando as perspectivas ainda favoráveis para 2023 e também a expectativa de retorno adicional via dividendos e programa de recompra.
 
Destaques por Operação de Negócios (ON)
 
A ON Brasil apresentou queda de 13,5% no volume de vendas em relação ao 3T22, com destaque para o recuo de 20,2% t/t das vendas no mercado interno em função da sazonalidade mais fraca do final do ano (que não havia sido observada nos dois anos anteriores em função da forte demanda e do processo de reestocagem da indústria), prejudicada ainda pelas eleições no Brasil e a Copa do Mundo. 
 
A categoria de aços longos foi mais impactada, enquanto aços planos tiveram uma menor redução nos volumes, limitada pela demanda resiliente dos segmentos de energia eólica e infraestrutura. 
 
A receita líquida também recuou 18,9% t/t, refletindo preços médios ligeiramente inferiores, e os custos tiveram redução de 11,6% t/t, refletindo a queda de volumes e dos custos unitários de produção. Como resultado, o EBITDA ajustado ficou em R$ 757 milhões, forte queda de 51,6% t/t, e a margem EBITDA ajustada arrefeceu para 11% (-7,4 p.p. t/t). 
 
A ON América do Norte registrou queda no volume de produção e vendas no 4T22 (-9,3% e -10,2% t/t, respectivamente), em função da menor demanda, mas seguiu operando em um nível elevado de utilização da capacidade instalada (92%) para atender os mercados de construção civil não residencial, indústria e distribuição, que seguem resilientes, segundo a empresa. 
 
A receita líquida recuou mais fortemente (-17,4% t/t), indicando redução concomitante dos preços médios, enquanto os custos recuaram 8,9% t/t, em função da menor diluição de custos fixos e dos preços de matérias primas inferiores. O EBITDA ajustado foi de R$ 1,8 bilhão (-29,3% t/t), e, embora a margem EBITDA ajustada tenha começado a se afastar dos níveis recordes dos trimestres anteriores, ainda se manteve elevada (28,2%, -4,7 p.p. t/t).
 
A ON Aços Especiais apresentou volumes de vendas estáveis na comparação trimestral, refletindo a continuidade da recuperação do segmento automotivo no período em função de uma melhora gradual da disponibilidade de semicondutores – embora a produção e venda de veículos leves ainda permaneça abaixo dos níveis históricos – e do setor de óleo e gás nos EUA. No entanto, a receita líquida teve queda de 5,8% t/t e o EBITDA ajustado recuou 16,8% t/t, para R$ 525 milhões, representando uma margem de 16% (perda de 2,2 p.p. t/t).
 
Por fim, a ON América do Sul apresentou queda de 2,4% no volume de vendas em relação ao 3T22, mesmo considerando o bom desempenho do setor de construção na Argentina. No entanto, diferentemente dos trimestres anteriores, quando a demanda firme no país sustentou preços médios significativamente mais altos, a queda de 20,8% t/t na receita líquida indica que desta vez os preços da região arrefeceram. Combinada a custos de produção ainda elevados, o EBITDA ajustado recuou 38,2% t/t para R$ 354 milhões, e a margem EBITDA ajustada foi de 22,7% (-6,3 p.p. t/t).
 
Destaques operacionais e financeiros no 4T22
 
No consolidado, a empresa teve queda em todas as linhas operacionais na comparação trimestral: 8,8% no volume de vendas, 15,0% na receita líquida, para ~R$ 18 bilhões, e de 32,4% no EBITDA ajustado, para R$ 3,6 bilhões. A rentabilidade operacional ainda se manteve satisfatória, com margem EBITDA ajustada de 20,2% (-5,2 p.p. t/t), mas começou a se afastar do patamar recorde dos trimestres anteriores, conforme esperado, e atingiu o menor percentual trimestral dos últimos dois anos.
 
O resultado financeiro foi favorecido pela redução das despesas financeiras e aumento das receitas financeiras, que implicaram uma queda de 6% em relação ao 3T22 (para R$ 498 milhões negativos). Na última linha, a empresa registrou lucro líquido de R$ 1,2 bilhão (-59,7% t/t), também o menor valor desde o 4T20. 
 
A dívida bruta teve ligeira redução em relação à posição do 3T22 (de R$ 12,8 bilhões para R$ 12,6 bilhões), mas a dívida líquida avançou para R$ 7,2 bilhões (ante R$ 4,3 bilhões no trimestre anterior), refletindo a redução na posição do caixa de R$ 8,6 bilhões para R$ 5,4 bilhões, explicada pelo pagamento do expressivo valor de proventos (R$ 3,6 bilhões) e pelo maior desembolso para investimentos no período (R$ 1,7 bilhão, ante R$ 1 bilhão no 3T22). Ainda assim, a alavancagem financeira permaneceu bastante controlada, em 0,33x dívida líquida/EBITDA, em função do forte resultado operacional dos últimos 12 meses. 
 
Junto com a divulgação do resultado, a companhia anunciou sua estimativa de investimentos para 2023, que prevê desembolso de R$ 5 bilhões a longo do ano (ante R$ 4,3 bilhões em 2022, ligeiramente abaixo do guidance de R$ 4,5 bilhões) para as frentes de manutenção, expansão e atualização tecnológica.
 
Apesar do elevado montante, segundo nossas projeções, o nível de alavancagem da empresa deverá continuar confortável, considerando a estimativas de resultados ainda robustos no ano, embora devam continuar arrefecendo em relação ao patamar atípico verificado nos dois últimos anos.
 
Vale destacar também que a empresa segue mostrando disciplina financeira e de capital, e seus investimentos estão alinhados às estratégias de longo prazo reafirmadas constantemente ao mercado. 
 
Além disso, em complemento aos valores já distribuídos ao longo de 2022, a companhia anunciou o pagamento de dividendos de R$ 0,20/ação no próximo dia 23/03 (data ex-dividendos 15/03). 
 
Considerando esta distribuição, a empresa soma R$ 6,1 bilhões de proventos pagos sobre o resultado de 2022 (R$ 3,63/ação), além de R$ 1 bilhão de recompra de ações, que juntos representam um payout de 68,8% e um yield de 14,1% sobre a cotação média dos últimos 12 meses.
 
Por fim, foi informado também o aumento de capital social da companhia mediante a capitalização de reservas no valor de R$ 966 milhões e da emissão de 83,7 milhões de novas ações, que serão atribuídas gratuitamente aos acionistas a título de bonificação (proporção de 5%, ou seja, 1 ação nova para cada 20 ações da mesma espécie que possuírem na posição acionária final do dia 21/03, a serem creditadas em 24/031).
 
Perspectivas
 
Segundo a companhia, as perspectivas seguem favoráveis para o 2023, principalmente na ON América do Norte, onde a empresa espera manter o forte ritmo de vendas observado no ano passado, mesmo considerando o cenário de elevação de juros nos EUA e a inflação elevada, já que o consumo de aço norteamericano tende a se sustentar com o avanço das obras do pacote de infraestrutura, do chips act (incentivos para a o setor de semicondutores) e do inflation reduction act (apoio à transição energética), que deverão utilizar prioritariamente aço produzido no país – o que poderá compensar um potencial arrefecimento usualmente apresentado em cenários de alta de juros e retração da economia. 
 
Já no Brasil, a empresa segue otimista com os sinais de recuperação da demanda já observados nos primeiros dois meses do ano, que deverão se refletir na retomada de volumes e preços ao longo do ano. Boas perspectivas também com relação às exportações, cujos preços já se elevaram em relação ao 4T22, incentivando os embarques pela companhia. Ainda assim, deverão continuar representando um percentual mais baixo das vendas totais da região em relação à média histórica. 
 
Do lado de custos, os desafios devem continuar, porém com gradual melhora ao longo do ano – a empresa destacou a persistência da inflação de custos e a escassez de mão de obra na América do Norte –, e devem ser monitorados.
 
Mesmo considerando a forte volatilidade do setor de siderurgia na bolsa brasileira nos últimos meses, os papéis da Gerdau continuaram, de maneira geral, se mostrando os mais resilientes do segmento. No acumulado de 20231, as ações GGBR4 acumulam queda de 2,5%, enquanto o Ibovespa se desvaloriza 4,4% no período. 
 
Acreditamos que, a despeito das preocupações com o crescimento econômico global mais fraco – que pode levar à queda da demanda de aço – e do cenário de custos elevados, essa performance reflete a expectativa do mercado da continuidade de entrega de bons números pela empresa nos próximos trimestres, sustentados pela rentabilidade operacional ainda satisfatória, a boa gestão financeira e o balanço fortalecido.
 
No entanto, ressalvamos que os papéis devem continuar refletindo as incertezas com relação ao setor no curto prazo e reagindo aos indicadores de atividade econômica global, especialmente no Brasil e nos EUA.
 
Após a revisão de nosso modelo financeiro, conforme apresentado nas próximas páginas, incorporando os últimos resultados e revisão das premissas, observamos que as ações da Gerdau estão sendo negociadas com 16% de desconto sobre o múltiplo histórico2. Apresentamos nosso novo preço-alvo 2023e para GGBR4, de R$ 35,00 (antes R$ 34,00), com manutenção da recomendação de Compra, considerando também as perspectivas de retorno adicional via dividendos e programa de recompra. 
 
Revisão de Preço
 
> Tese de investimento. 
 
Nossa tese de investimento para a Gerdau considera: 
 
(i)  demanda de aço estável nos mercados de atuação da empresa, mesmo diante dos desafios de crescimento econômico global, e balanço entre oferta e demanda global equilibrado no longo prazo; 
(i)  preços de aço estáveis no curto prazo, em patamares que proporcionam rentabilidade atrativa; 
(i)  diversificação geográfica das operações, que deverá continuar permitindo a captura de oportunidades em diferentes mercados e redução de riscos; 
(i)   investimentos e iniciativas da empresa para a perpetuidade dos negócios; e 
(v)  disciplina financeira e redução da alavancagem, que possibilitam investimentos e remuneração aos acionistas, simultaneamente.
 
Riscos. 
 
Dentre os principais os riscos que podem afetar nossas projeções, destacamos: 
 
(i)  reversão do ritmo de recuperação da atividade industrial nas regiões de atuação da companhia, com impacto negativo na demanda de aço; 
(i)  queda abrupta de preços de aço; 
(i)  escassez de matérias primas ou incrementos substanciais de seus custos, incluindo os custos com energia e de carvão; 
(i)  prolongamento da falta de componentes da cadeia automotiva; e 
(iv)  aumento de importações de aço no Brasil.
 
Valuation. 
 
Diante dos últimos resultados apresentados pela Gerdau e das novas estimativas para o setor e para a empresa, revisamos nosso modelo financeiro, e apresentamos o novo preço-alvo 2023e para GGBR4 de R$ 35,00 (antes R$ 34,00), mantendo a recomendação de Compra. 
 
Confira no anexo a íntegra do relatório a respeito, elaborado por
MARY SILVA, CNPI, analista senior do BB Investimentos.

Clique aqui para acessar o aquivo PDF

Fonte: MARY SILVA, CNPI, analista senior do BB Investimentos.





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