Grupo NATURA&Co - Resultado no 1º Trimestre/2023
Misto, melhora de margem operacional, mas mais um trimestre com prejuízos reportados
Por Georgia Jorge, CNPI-P
09.05.2023
O Grupo Natura&Co reportou resultados mistos no 1T23. Por um lado, houve boa recuperação de margens operacionais, impulsionadas principalmente pelo aumento dos preços dos produtos e melhor mix de categoria de produtos. Por outro lado, o Grupo ainda reportou um prejuízo bastante expressivo prejudicado pelo elevado nível de despesas financeiras, além de um consumo de caixa relevante.
Desempenho das Ações e Perspectivas.
As ações NTCO3 acumulavam queda de 2,9% desde o início do ano até ontem (08), com os investidores acompanhando o processo de turnaround que vem sendo conduzido pela gestão ao longo dos últimos trimestres com foco na geração caixa, redução de alavancagem financeira e recuperação das vendas nas divisões de negócios Avon International e The Body Shop. No pregão de hoje (09), entretanto, o papel registra uma forte alta de 2 digítos (-13%) após a companhia ter mostrado alguns indicadores animadores, como o ganho de margem EBITDA, além de já estar no radar a solução para a pressão ora sentida no resultado por conta da alavancagem financeira.
O que ainda nos preocupa a queda das vendas na Avon International e na The Body Shop, divisões nas quais esperamos resultados pressionados ao longo dos próximos trimestres. Nesse contexto, mantemos nossa recomendação Neutra e o preço-alvo para o final de 2023 em R$ 14,30.
Desempenho econômico-financeiro
Considerando o fato relevante divulgado em 3 de abril, por meio do qual a Natura&Co anunciou a celebração de um acordo vinculante para a venda da Aesop à L’Óreal e cuja conclusão está prevista para ocorrer no 3T23, a Aesop será classificada como operação descontinuada. Dessa forma, os números referentes ao 1T23 não está considerando a Aesop na consolidação.
A receita líquida consolidada somou R$ 7,3 bilhões, queda de 11,3% na comparação anual e em linha com as nossas estimativas (+1,6% r/e). Enquanto a divisão Natura&Co Latam contribuiu positivamente com uma alta de 2,4% a/a (+2,7% r/e), as divisões Avon International e The Body Shop tiveram retrações de 12,8% a/a e 16,5% a/a, respectivamente, prejudicadas pelo ambiente macroeconômico e guerra entre Rússia e Ucrânia.
Já o lucro bruto consolidado atingiu R$ 4,8 bilhões, o que implicou em uma margem bruta de 65,9%, +1,6 p.p. a/a e bastante superior às nossas estimativas (+3,4 p.p. r/e).
A melhora de margem bruta foi percebida nas três divisões de negócio remanescentes, em especial na Natura&Co Latam (+4,5 p.p. a/a) e na Avon International (+4,9 p.p. a/a), beneficiadas pelo aumento de preços e pelo melhor mix de categorias, que compensaram a inflação de custos.
O ganho de margem bruta, somado ao ganho de margem EBITDA Ajustada nas divisões Natura&Co Latam e Avon International, permitiram que o Grupo atingisse EBITDA Ajustado de R$ 728 milhões, alta de 22,1% a/a e +24,7% r/e. Com isso, a margem EBITDA consolidada atingiu 9,9%, 2,7 p.p. superior na comparação anual e +1,8 p.p. r/e. Destaque positivo para a manutenção das despesas com vendas, gerais e administrativas como percentual da receita líquida no mesmo patamar (~56%), enquanto a The Body Shop pressionou o resultado operacional consolidado com a queda de 29% a/a no EBITDA Ajustado, fruto da perda de alavancagem operacional em um momento de vendas pressionadas.
O incremento das despesas financeiras líquidas em 32,1% a/a consumiu o resultado operacional e levou o Grupo Natura&Co a reportar prejuízo pelo 5º trimestre consecutivo. No 1T23, o prejuízo totalizou R$ 652 milhões, patamar semelhante ao observado no 1T22 (R$ 643 milhões).
Em relação à alavancagem financeira, a dívida líquida do Grupo ao final do 1T23 somava R$ 9,4 bilhões, ou 3,96x o EBITDA dos últimos 12 meses, ante 2,13x no 1T22.
Apesar do nível de alavancagem ser desconfortável, a companhia pretende utilizar os recursos da venda da Aesop para reduzir sua alavancagem – que deve ficar abaixo de 1,5x em nossas projeções, situação prevista para ocorrer ao longo do 2S23.
No que se refere à fluxo de caixa livre, pontuamos que o Grupo teve consumo de caixa com as atividades operacional da ordem de R$ 1,5 bilhão que, adicionado ao consumo de R$ 271 milhões com investimentos, levou a um consumo de caixa livre de R$ 1,8 bilhão no trimestre.
Confira no anexo a íntegra do relatório a respeito, preparado por
Georgia Jorge, CNPI-P, analista senior do BB Investimentos
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