PETROBRAS (PETR4)
Produção e vendas 2T24, e atualização de recomendação:
Elevando para Compra, mantendo preço-alvo em R$ 47,00
Especialista Daniel Cobucci, do BB Investimentos, analisa os dados de produção e vendas da Petrobras no 2o trimestre 2024
Publicado por: Análise BB
Atualizado em
30.07.2024 às 14:03
O desempenho operacional da Petrobras no 2T24 veio com uma redução de 2,4% t/t na produção total, devido às paradas programadas de manutenção e declínio de campos maduros. Na comparação anual, houve aumento de 2,4%, refletindo o ramp-up dos FPSOs Almirante Barroso, P-71, Anna Nery, Anita Garibaldi e Sepetiba.
No segmento de refino houve aumento de 3,2% t/t nas vendas de derivados, mantendo o fator de utilização do parque de refino acima dos 90%. Alteramos nossa recomendação para compra, mantendo o preço-alvo de R$ 47,00 para 2024.
Em suma, o resultado do 2T24, com divulgação prevista para 08/08, deve vir ligeiramente abaixo do 1T24, considerando os dados operacionais reportados, mas dentro das expectativas diante das janelas de paradas programadas de manutenção, e com um Brent ligeiramente mais alto.
Produção
Os destaques positivos foram a continuidade do ramp up das novas plataformas e a elevada taxa de utilização do parque de refino, mesmo considerando as paradas programadas realizadas nas refinarias REPLAN, REDUC, RECAP, REVAP e REGAP ao longo do trimestre.
A produção total de óleo e gás natural atingiu 2,699 MMboed,+2,4% a/a, puxada pelo aumento de 6,3% a/a na produção no pré-sal. Colaborou para o crescimento o ramp up dos FPSOs Almirante Barroso, P-71, Anna Nery, Anita Garibaldi e Sepetiba, além da entrada em produção de 12 novos poços de projetos complementares, sendo 8 na Bacia de Campos e 4 na Bacia de Santos. Na comparação trimestral, houve queda de 2,8%, em função de paradas programadas e manutenções, além do declínio natural de campos maduros.
Exploração e Pesquisa
Outro destaque em E&P foi a chegada ao Brasil, em maio, do FPSO Marechal Duque de Caxias no campo de Mero, no pré-sal da Bacia de Santos. A plataforma, que será o terceiro sistema definitivo de produção do campo, está prevista para entrar em operação no 2º semestre de 2024, e tem capacidade para produzir até 180 Mbpd de óleo e 12 MMm³/d de gás natural.
Refino
No segmento RTC (refino, transporte e comercialização), houve redução de 1 p.b. no fator de utilização das refinarias ante o 1T24, mas se mantendo em ritmo forte em +2 p.b. a/a no 1S24. Houve queda de 0,5% a/a na produção de derivados, mas com mix mais dedicado a produtos com melhores margens, como gasolina e diesel, em detrimento de GLP, nafta e óleo combustível.
Vendas
Em relação às vendas, houve um avanço de 3,2% t/t, dada a sazonalidade do 1T, usualmente mais fraco, e queda de 1,3% a/a, principalmente pela redução nas vendas de gasolina, impactada pela competividade do etanol, uma tendência que já dura vários meses.
Neste momento em que as taxas de refino seguem elevadas (média de 93% desde o 2T23, período em que se iniciou a nova política comercial da Petrobras, ante 85% com média dos anos de 2021 e 2022), vale comentar algumas dinâmicas setoriais.
O relatório mensal da ANP indicou que ocorreu neste mês de maio/2024 o maior volume de vendas de diesel para o mês na série histórica, iniciada no ano 2000. Tal informação contrasta com os dados reportados em 29.07 pela Petrobras, com queda de 0,6% a/a nas vendas de diesel (-1,9% a/a no 1S24). Na comparação t/t, houve avanço de 3,8%.
Em nossa opinião, tal dissonância, com leve queda a/a nas vendas de diesel mesmo em face de forte competição com produto importado, reflete o sucesso da política comercial da Petrobras. Isso porque, ainda que entidades como a Abicom Associação Brasileira de Importadores de Combustíveis e o CBIE Centro Brasileiro de Infraestrutura reportem que a Petrobras pratica uma defasagem superior a 10% entre os preços do diesel Petrobras e o preço de paridade de importação (PPI), esses valores abordados tratam de uma realidade fictícia. Isso porque a Petrobras não está competindo com o diesel vindo do Golfo do México, premissa do antigo PPI, mas sim com diesel de origem russa, dado que essa foi a origem de 98% do diesel importado em maio.
Assim, nossa percepção é de que, caso o PPI estivesse vigente, a Petrobras estaria nesse momento perdendo market share para importadores, dada a lógica de fixar os preços considerando a estrutura de custos dos agentes menos eficientes do mercado, que não dispõe de um parque industrial e necessitam de um sistema mais caro, baseado em fretes e custos de internalização.
Assim, ainda que os preços mais altos pudessem resultar em melhores margens para a Petrobras, isso teria um custo: perda de volume de vendas e menor utilização do parque de refino, indicando que a combinação atual, de custo alternativo do cliente (CAC) e valor marginal, oferece mais flexibilidade para a Companhia maximizar sua estratégia comercial.
A Petrobras está sendo negociada a múltiplos atrativos, vide o rendimento sobre fluxo de caixa livre (FCL yield), agora em 1,04x, ante uma média de 1,22 nos últimos dez anos, enquanto o EV/EBITDA está em 2,8x, ante pares negociados a uma média de 4,2x, descontos respectivos de 15% e 32% que sugerem potencial relevante de valorização.
Além disso, alguns riscos que avaliamos quando de nossa mudança de recomendação não se concretizaram, notadamente mudanças na alocação de capital e nas políticas de dividendos e comercial, cuja dinâmica atual vemos como favorável, como acima detalhado.
Juntando tais fatores com o upside potencial em relação a nosso preço-alvo por fluxo de caixa descontado (DCF), em média de 22,7% para ambas classes de ações, elevamos nossa recomendação para Compra, mantendo o preço-alvo em R$ 47,00 para o final de 2024.
Confira no anexo a íntegra do relatório a respeito,
elaborado por Daniel Cobbuci, do BB Investimentos