Expectativas irracionalmente retroalimentadas sob a chancela do Banco Central
Semanalmente o Banco Central consolida e publica, em seu Relatório Focus, todas as 2ªs feiras, desde o governo FHC, as expectativas de agentes do mercado financeiro sobre o comportamento dos preços e do câmbio e sobre a evolução do PIB.
Não são poucos os analistas, entre eles Delfim Neto, que têm ironizado a autofagia e a irracionalidade dessa política de comunicação social do Banco Central.
A publicação equivale à chancela conferida pela Autoridade Monetária, perante todo mercado, à avaliação que realizam, a cada semana, economistas dos bancos privados, de empresas de consultoria que lhes prestam serviços e demais homens do mercado financeiro.
O efeito tem sido a materialização dessas expectativas por todo o mercado, conforme a antevisão delineada nas expectativas de terceiros publicadas pelo Banco Central em seu Relatório Focus.
Acontece que a opinião do mercado financeiro a respeito do comportamento de indicadores responde exclusivamente aos interesses do capital financeiro, não esconde sua perspectiva exclusivamente financista e imediatista, conformada pela visão livrecambista, pela defesa dos interesses dos bancos, inclusive internacionais, e distante dos interesses do empresariado brasileiro e da população do País.
Todo o mercado brasileiro, envolvendo o setor produtivo da economia, passa a ser contaminado pela visão setorial e estreita dos bancos, imediatista e subalterna a interesses do mercado financeiro internacional. E o efeito é a manipulação da opinião dos empresários e da população e a conhecida redução dos investimentos produtivos na economia nacional.
Já passou da hora de o Banco Central deixar de chancelar a opinião do mercado financeiro em suas reações, negativas ou eventualmente positivas, em resposta às medidas governamentais.
O Banco Central é uma Autoridade Monetária e não pode ser portavoz dos interesses do mercado financeiro, como se eles representassem a economia brasileira in totum.