Diário de Mercado em 13.09.2016
Alívio da sessão anterior dura pouco e mercado se retraiu ante nova onda de aversão ao risco em âmbito global
HAMILTON MOREIRA ALVES, CNPI - T
RAFAEL FREDA REIS, CNPI-P
FED
Durou pouco a animação trazida na véspera pelo discurso da dirigente do Fed, Lael Brainard, que foi considerado ausente de elementos que sugerissem o iminente início do ciclo de aperto monetário norte-americano e empolgou os agentes. Hoje, isto já ficou relegado a segundo plano e cedeu lugar a um mercado árido, que reacendeu discussões sobre rumos da política monetária em diversas regiões. Também, houve má performance das companhias ligadas ao petróleo, refletindo a significativa queda do preço da commodity no mercado internacional.
Ibovespa: -3,01%
Por aqui, o Ibovespa (56.820 pts; -3,01%), incapaz de sustentar-se com o noticiário doméstico de indicadores, acompanhou a trajetória de baixa dos índices das bolsas de Nova York.
Preliminarmente, o vigoroso giro financeiro da Bovespa foi de R$ 8,12 bilhões, com o mercado à vista somando R$ 7,88 bilhões. Em meio à queda generalizada no dia, houve destaque de baixa para as ações da Petrobrás e para o setor de siderurgia e mineração.
Vale lembrar que foi lançado hoje o PPI (Programa de Parcerias de Investimentos), para as empresas que operam concessões em infraestrutura e energia e, segundo opiniões dos agentes, necessita de esclarecimentos pois ainda suscita dúvidas quanto à sua eficácia.
Capitais Externos na Bolsa
No último dado disponível, no dia 9 de setembro, houve robusta evasão líquida de capital externo da ordem de R$ 774 milhões, reduzindo o saldo de setembro para R$ 244 milhões e para R$ 15,25 bilhões em 2016.
Indicadores Domésticos
Na agenda econômica (pg.3 do relatório anexo), domesticamente, divulgadas pelo IBGE, as vendas no varejo restrito apresentaram, com ajuste sazonal, recuo de 0,3% em julho ante +0,3% em junho, ligeiramente abaixo do consenso de mercado de -0,2%.
Já as vendas no varejo ampliadas (que incluem veículos e material de construção) o recuo foi ainda maior, registrando -0,5% em julho, ante -0,2% em junho e desapontando o mercado, que projetava +0,8% de avanço, calcado em uma suposta recuperação ensaiada pelo setor automotivo que acabou não se confirmando.
No comparativo ante julho de 2015 (sem ajuste sazonal), as vendas no varejo restrito variaram -5,3%, mais fracas do que as estimativas, em -5,0%, e no comparativo dos últimos 12 meses, a variação foi de -6,8%. Em 2016, a queda chegou a 6,7%.
Já no varejo ampliado as vendas oscilaram-10,2% em julho, frustrando as estimativas, que projetavam -8,2%. No comparativo em 12 meses a retração acumulou -10,3% e no ano está em -9,4%. Vale ressaltar que os dados possuem defasagem, pois referem-se há dois meses atrás.
Expectativas e Quadro Real
Segundo nossa visão, os índices de confiança do empresário e do consumidor mostraram melhorias. Enfim, percebe-se uma gradual recuperação tanto no clima do ambiente negocial do País, quanto das projeções macroeconômicas para o próximo ano, apesar dos números da economia em si permanecem deprimidos.
Obviamente, é necessária uma eminente reversão do atual ambiente de elevado desemprego, crédito rarefeito, massa salarial em queda e ociosidade da indústria - fatores que já vivem dias de estabilização, embora ainda incipiente, mas, que projetam um cenário de melhora marginal, segundo nossa percepção, já a partir do 4T16 e que deverá consolidar um cenário de retomada ao longo de 2017.
Indicadores Externos
Na China, os indicadores de produção industrial e vendas a varejo vieram melhores e acima do consenso de mercado. Os dados ainda não mostram reversão da tendência de desaceleração da economia chinesa, mas, arrefece a possibilidade de novos estímulos pelo governo local.
Câmbio e Juros Futuros
No mercado de câmbio (interbancário), o dólar avançou sobre seus pares no mercado cambial mundial, influenciado pela elevação da aversão ao risco em âmbito global.
Internamente, também foi pressionado pela manutenção da oferta do Bacen de mais 10 mil contratos de swap cambial reverso,
A divisa norte-americana finalizou o dia a R$ 3,3150 (+2,06%), passando a oscilar +1,10% na semana, +2,76% no mês, -16,31% no ano e -14,54% em 12 meses.
Nos juros futuros, na esteira da maior aversão a risco em âmbito global na sessão, toda a estrutura a termo da curva de juros avançou. Já o CDS brasileiro de 5 anos apresentou no intraday o maior avanço em pontos desde o dia do referendo do Brexit, avançando para 269 pts hoje, contra 254 pts da sessão anterior.
Confira no anexo a íntegra do relatório de análise do comportamento do mercado na 3ª feira, 13.09.2016, elaborado por HAMILTON MOREIRA ALVES, CNPI - T, RAFAEL FREDA REIS, CNPI-P, do BB Investimentos