Diário do Mercado na 5ª feira, 15.09.2016
Após conferir se “dava pé”, mercado mergulha novamente no risco, com sinalização positiva do Bank of England (BoE)
O dia principiou já com sinal verde. Após a ligeira pausa para o respiro na sessão anterior, que antecedia o início de uma série de definições sobre políticas monetárias em diversas praças, no pregão de hoje o bom humor retornou com força total.
Os investidores reacenderam os ânimos já a partir das 8h, após decisão de juros e abertura de janela para maiores estímulos citada pelo Bank of England, contexto que se consolidou horas mais tarde com números que sugerem crescimento econômico menor do que o esperado dos EUA – levando a uma percepção de mercado de postergação de uma possível elevação de juros pelo Fed.
Ibovespa
Por aqui, o Ibovespa (57.909 pts; +1,49%) avançou, mas, o volume financeiro do dia não empolgou.
Destaques para as blue chips Petrobras, Itaú e Bradesco, sendo a petrolífera favorecida ainda por uma recuperação nos preços do petróleo no mercado internacional.
Preliminarmente, o giro financeiro da Bovespa foi de R$ 5,48 bilhões, com o mercado à vista somando R$ 5,27 bilhões. Vale lembra que amanhã será a “zeragem” do vencimento de opções sobre ações e que este exercício findará na próxima 2ª feira, 19.09.
Capitais Externos na Bolsa
No último dado disponível, em 13 de setembro, dando seguimento ao robusta evasão líquida de capital externo das sessões anteriores, houve retirada de R$ 687 milhões, subindo o saldo mensal para negativos R$ 876 milhões, com o saldo estrangeiro na bolsa brasileira acumulando agora R$ 14,13 bilhões em 2016.
Agenda Econômica
A agenda econômica (pg.3) voltou a ganhar relevância hoje. Na Europa, não foi a definição por parte do Bank of England (BoE) da manutenção da atual política monetária - ao manter inalteradas as taxas de juros e os programas de compra de ativos e de bônus - que surpreendeu, mas, sim, seu comunicado subsequente que motivou o mercado ao sinalizar a viabilidade de uma janela para futuros estímulos adicionais pela instituição.
EUA
Nos EUA, dois dados também foram capazes de encorajar os investidores à assunção de maiores apostas ao evidenciar possível fragilidade econômica local, o que afasta, ainda que pontualmente, o horizonte de aumento de juros por lá.
As vendas no varejo em agosto apresentaram uma retração de 0,3% ante julho, não apenas revertendo os 0,1% de avanço medidos no mês anterior (que já era inclusive esperado), mas, vindo aquém das estimativas de mercado, em -0,1%.
Já a produção industrial, embora com ligeira queda da utilização da capacidade do parque industrial norte americano - de 75,9% em julho para 75,5% em agosto - também jogou areia nos olhos do Fed ao apresentar retração de 0,4%, revertendo o avanço de 0,6% medido em julho e frustrando o mercado, que projetava uma queda de 0,2% apenas.
Brasil
Por aqui, houve um indicador preliminar do IGP do mês, que pode agregar mais um ingrediente na complexa receita da dinâmica inflacionária do País. O IGP-10 de setembro mostrou um avanço de 0,36%, vindo ligeiramente abaixo do consenso de mercado, em 0,4%.
Em nossa visão, a resiliência vista nos preços dos alimentos está levando os índices de preços a recuar em ritmo menos acelerado do que o inicialmente previsto, mas, deverão desacelerar de forma mais vigorosa nos meses vindouros, calcados em um reflexo da própria recessão somada à uma menor pressão dos alimentos, cuja incidência desse arrefecimento nos preços ao atacado deverá finalmente chegar ao varejo.
Câmbio e Juros Futuros
No mercado de câmbio (interbancário), o dólar, menos pressionado por conta do menor volume diário ofertado pelo Bacen nos leilões de swap cambial reverso (atualmente em 5 mil contratos diários) e também reagindo aos números mais fracos da economia norte-americana, finalizou no dia em desvalorização ante o real, cotado a R$ 3,2990 (-1,29%).
A volatilidade, no entanto, permaneceu elevada e o mercado tenta entender sua dinâmica e rastrear um novo patamar “confortável” ao redor do qual a divisa tende a orbitar antes que novos “direcionadores” a induzam a novos níveis.
Nos juros futuros, acompanhando o movimento de melhoria no humor dos agentes, e a queda do dólar, toda a estrutura a termo da curva de juros retraiu-se. Já o CDS brasileiro de 5 anos também traduziu o viés positivista quanto ao risco-país e cedeu para 272 pts hoje, contra 280 pts da véspera.
Confira no anexo a íntegra do relatório de análise do comportamento do mercado na 5ªfeira, 15.09.2016, elaborado por HAMILTON MOREIRA ALVES, CNPI-T, RAFAEL FREDA REIS, CNPI-P, analistas de investimento do BB Investimentos