'Superfungo' é transmissível, difícil de ser notado e fatal em 39% dos casos
A ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária emitiu um alerta em 07.12, sobre uma investigação em curso do possível primeiro caso positivo no país do "superfungo" Candida auris.
Descoberto em 2009, alastrou-se por mais de 30 paises, é "multirresistente" a medicamentos, é fatal em cerca de 39% dos casos e já chegou ao Brasil.
"Eles costumam dar doença quando ocorre alguma quebra de barreira, algum catéter é colocado no nosso corpo, a gente faz uma cirurgia, ou as bactérias do nosso corpo morrem porque tomamos antibióticos e esses fungos proliferam",
afirmou o médico infectologista Alessandro Comarú Pasqualotto, professor da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, em entrevista à SputnikNews.
Segundo o boletim da Anvisa, o diagnóstico ocorreu em um adulto internado no estado da Bahia e foi confirmado pelo Laboratório do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.
Por ser tratar de um fungo do gênero Candida, o referido fungo pode causar uma candidíase, doença que também pode ser chamada de candidose, e que pode se apresentar de forma superficial, a exemplo, na pele, ou ser profunda.
O médico epidemiologista Guilherme Werneck, professor do Instituto de Medicina Social da UERJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro), disse que a infecção causada pelo Candida auris pode se agravar se passar para o sangue.
"A infecção do Candida auris é bem complicada, bem mais rara, e pode ser bastante grave se ela passar para o sangue. É possível ter infecções por Candida auris e ela não causar grandes problemas, mas se ela entrar no sangue pode causar uma infecção que é muito grave".
Cerca de cinco mil casos de infecção pelo mundo já tiveram diagnóstico de Candida auris. Embora o número seja expressivamente pequeno, a resistência do fungo é o que preocupa.
A Anvisa informou que uma força-tarefa nacional já está organizada para combater a disseminação do Candida auris.
Risco de pandemia?
Apesar de a Candida auris poder ser transmitida a outras pessoas pelo contato, seja direto ou por via de objeto, isso não significa dizer que o mundo está sob o risco de uma pandemia do fungo da proporção da pandemia de COVID-19.
"A COVID-19 é uma doença transmitida pela via respiratória, enfim, frente às situações de aglomerações ela é facilmente transmitida e se tornou esse problema de contaminação mundial. Esse fungo, embora tenha se disseminado por todo o mundo, ele é um fungo ainda de infecção rara e restrita a pessoas vulneráveis dentro de cenários hospitalares. Eu vejo que em um país como Brasil grande como é, apenas um paciente foi diagnosticado com Candida auris, que ainda é uma infecção muito pouco comum",
disse Pasqualotto.