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Internacional

11 de Fevereiro de 2013 as 16:02:39



PAPA BENTO XVI - Renuncia permitirá influir na escolha de seu sucessor


Papa Bento XVI anuncia renúncia

 
O papa Bento XVI anunciou que deixa o pontificado no dia 28 de fevereiro deste ano. A renúncia é a primeira de um papa na era moderna.
 
Em comunicado divulgado hoje,11.02, pelo Vaticano, o papa Bento XVI justificou sua decisão alegando idade avançada e disse ter consciência da gravidade de seu ato.
 
O alemão Joseph Ratzinger, 85 anos, assumiu o comando da Igreja Católica em 19 de abril de 2005, após a morte de João Paulo II. Aos 78 anos, Ratzinger foi um dos cardeais mais idosos a ser eleito papa.
 
Ele assumiu o posto em meio a um dos maiores escândalos enfrentados pela Igreja Católica em décadas - a denúncia de abuso sexual de crianças por clérigos.
 
Leia, abaixo, a íntegra do discurso em que Bento XVI anuncia, em um encontro com altas autoridades eclesiásticas, que deixa o pontificado:
 
“Caríssimos irmãos,
 
Convoquei-vos para este consistório não só por causa das três canonizações, mas também para vos comunicar uma decisão de grande importância para a vida da Igreja. Depois de ter examinado repetidamente a minha consciência diante de Deus, cheguei à certeza de que as minhas forças, devido à idade avançada, já não são idôneas para exercer adequadamente o ministério petrino. Estou bem consciente de que este ministério, pela sua essência espiritual, deve ser cumprido não só com as obras e com as palavras, mas também e igualmente sofrendo e rezando. Todavia, no mundo de hoje, sujeito a rápidas mudanças e agitado por questões de grande relevância para a vida da fé, para governar a barca de São Pedro e anunciar o Evangelho, é necessário também o vigor quer do corpo quer do espírito; vigor este, que, nos últimos meses, foi diminuindo de tal modo em mim que tenho de reconhecer a minha incapacidade para administrar bem o ministério que me foi confiado. Por isso, bem consciente da gravidade deste ato, com plena liberdade, declaro que renuncio ao ministério de bispo de Roma, sucessor de São Pedro, que me foi confiado pela mão dos cardeais em 19 de abril de 2005, pelo que, a partir de 28 de fevereiro de 2013, às 20h, a sede de Roma, a sede de São Pedro, ficará vacante e deverá ser convocado, por aqueles a quem tal compete, o conclave para a eleição do novo Sumo Pontífice.
 
Caríssimos irmãos, verdadeiramente de coração vos agradeço por todo o amor e a fadiga com que carregastes comigo o peso do meu ministério, e peço perdão por todos os meus defeitos. Agora confiemos a Santa Igreja à solicitude do seu Pastor Supremo, Nosso Senhor Jesus Cristo, e peçamos a Maria, sua Mãe Santíssima, que assista, com a sua bondade materna, os padres cardeais na eleição do novo Sumo Pontífice. Pelo que me diz respeito, nomeadamente no futuro, quero servir de todo o coração, com uma vida consagrada à oração, a Santa Igreja de Deus.
 
Vaticano, 10 de Fevereiro de 2013.
 
BENEDICTUS PP XVI
 
As Repercuções pelo Mundo
 
O pontificado do papa Bento XVI foi "curto, mas muito difícil", disse nesta 2ª feira, 11.02, o presidente do Conselho da União Europeia, Hernam van Rompuy, em mensagem de poucas linhas divulgada em Bruxelas, na Bélgica.
 
"Respeito profundamente a decisão do papa Bento XVI, especialmente tendo em conta que não está em linha com a tradição",
declarou.
 
O presidente dos EUA, Barack Obama, divulgou comunicado sobre a renúncia do papa Bento XVI, anunciada de manhã pelo pontífice. Obama disse que a Igreja Católica tem papel crucial nos EUA e no mundo e que apreciou o trabalho feito ao lado do alemão Joseph Ratzinger nos últimos anos.
 
"Da parte dos americanos em todo o mundo, de Michelle [Obama, primeira-dama] e de mim próprio, queremos enviar os nossos agradecimentos e orações à Sua Santidade",
 
declarou o presidente em nota. O casal Obama encontrou-se pela primeira e única vez com o papa durante uma visita ao Vaticano em julho de 2009.
 
A ONU também se manifestou sobre a renúncia do papa, que ficará no cargo até 28 de fevereiro. Por meio do seu porta-voz, Martin Nesirky, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, disse ter "grande respeito" por Bento XVI e, em particular, pelo seu trabalho em prol do diálogo interreligioso e de outras questões globais.
 
Antes do Papa Bento XVI, o último chefe da Igreja Católica a renunciar foi Gregório XII, no século 15 (1406-1415).  
 
A Escolha do Novo Papa
 
Um novo papa deverá ser escolhido até a Páscoa, em 31 de março, disse o porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi, anunciando que um conclave deve ser organizado entre 15 e 20 dias após o afastamento do pontífice. 
 
 
NOTA DA REDAÇÃO DO JORNAL FRANQUIA
 
Com cerca de dois milênios de cultura, o Vaticano é a mais longeva de todas as instituições humanas. Em todo esse tempo, construiu uma cultura organizacional bastante especial que lhe garantiu a longevidade. Um traço evidente dessa cultura é um certo grau de permeabilidade às incursões do poder, sejam advindas  do mundo exterior, sejam  interna corporis
 
Homem de grande cultura, o cardeal alemão Joseph Ratzinger, eleito papa em 2005, já havia implementado na Igreja Católica, com grande força, uma operação de contra-reforma neutralizadora das perspectivas sócio-político-econômicas e religiosas trazidas pelo Concílio Vaticano II durante os papados de João XXIII e Paulo VI. Sob o paradigma do fortalecimento da fé, a administração de Ratzinger excluiu da Igreja Católica os setores simpatizantes e alinhados com a Teologia da Libertação, identificados na América Latina e África notadamente.
 
No Brasil, tornaram-se conhecidos pelo público seus esforços e o sucesso alcançado (1º) na imposição de "silêncio obsequioso" a lideres intelectuais da Teologia de Libertação e (2º) na divisão da diocese de São Paulo em várias pequenas dioceses, esfacelando o poder até então exercido pelo Cardeal Arns, baluarte na resistência à ditadura militar e favorável a uma visão social da atuação da Igreja Católica em favor dos pobres. Dali, Ratzinger não conseguiu retirar Dom Paulo Evaristo Arns, mas reduziu seu espaço de atuação a um perímetro muitas vezes menor, seguindo-se a nomeação de cardeais alinhados com a ortodoxia preconizada por João Paulo II e Ratzinger. 
 
Sua escolha como novo Papa, em 2005, foi desdobramento do ímpeto de sua ação organizativa e intelectual, alicerçada em nomeações, pelo Papa João Paulo II, de cardeais alinhados com a ortodoxia.
 
Postergação da Modernização da Igreja Católica
 
Sua renúncia se dá no momento em que se encontram esgotadas as possibilidades de nomeações de cardeais que irão integrar o Conclave de Arcebispos eleitores de um novo papa, em março próximo. Importante destacar também, que mais da metade desse Conclave é composta por cardeais nomeados pelo próprio Bento XVI.
 
Assim, ainda ativo, influente e respeitado, agora liberado das atividades operacionais, o Papa Bento XVI poderá orientar a escolha de seu sucessor, contrariando a tradição católica, mas dando seguimento à implementação de sua estratégia para a Igreja Católica. Caso se deixasse morrer no cargo isso não lhe seria possível e poderia ser incerto o futuro da ortodoxia que preconiza.
 
Sob essa perspectiva, não faz nenhum sentido a esperança ingênua de eleição de um papa progressista, latino americano ou africano, como propala a grande imprensa.
 
Ainda que imerso o Vaticano em questões críticas tais como a exigência de celibato sacerdotal, o impedimento de ordenação de mulheres sacerdotes, a proibição do uso de contraceptivos, do aborto e das pesquisas científicas com fetos e células-tronco, além da desaprovação do casamento gay, o Conclave que elegerá o novo papa deverá, uma vez mais, postergar a modernização da Igreja Católica, ao custo da perda crescente de seus fiéis, e novamente ceder à ortodoxia ratzingeriana ao escolher um novo papa alinhado com o pensamento de Bento XVI e com a sua visão eurocentrista para a Igreja Católica.
 
 clique na imagem e vá até o Busca Franquia


Fonte: Agência Brasil e Redação do Jornal Franquia (Nota)





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