Petróleo & gás - Distribuição de combustíveis
Relatório Setorial - Maio de 2021
Por Daniel Cobucci, CNPI
Dados de mercado
O destaque recente de valorização foi a Braskem, que resolveu pendências importantes para seu modelo de negócio e cujas perspectivas de receita foram revistas pelo consenso de mercado, dadas as melhorias em spreads petroquímicos.
Notícias e dados de Petróleo & Gás - Abril-Maio/2021
A Petrobras lançou novos produtos para venda de gás natural; a ANP prevê novas autorizações de importação de gás natural; o grupo Ultra vendeu a sua rede de farmácias, Extrafarma, para a Pague Menos, por R$ 700 milhões.
Principais notícias do setor
— A Petrobras lançou novos modelos contratuais para venda de gás natural às distribuidoras. Além das modalidades atuais (indexadas ao preço do Brent), a companhia agora oferece um modelo indexado aos preços do Henry Hub, uma referência relevante nos EUA e que oferece menor volatilidade.
Em nosso entendimento, com a perspectiva de novos projetos no mercado, devido à abertura do mercado de gás natural, é um passo importante ter novos modelos de contratos, que podem se adequar à necessidade das empresas. A expectativa é de que passem a existir contratos com prazo mais alongados, menor flexibilidade de consumo e, em contrapartida, melhores preços do que os atualmente oferecidos.
— De acordo com o Broadcast, a ANP Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis espera conceder 20 novas autorizações de importação de gás natural até o fim do ano. Desde que a Lei do Gás foi aprovada no Congresso, a ANP já aprovou duas autorizações de importação.
Com isso, a concorrência no setor começa a surgir, ainda que esse seja um processo gradual e que deve demorar alguns anos para trazer impactos reais para o consumidor, em nosso entendimento. O regime de entrada e saída deve possibilitar que, além da Petrobras, outras empresas possam utilizar os gasodutos, com o direito de utilizar as capacidades ociosas das redes.
— A Ultrapar anunciou em 18.05, a venda de sua rede de farmácias, a Extrafarma, para a Pague Menos. O valor da transação é de R$ 700 milhões, com pagamento de 50% no fechamento da operação e 25% em cada aniversário, de 1 e 2 anos. Veja mais detalhes em nosso relatório.
— A Braskem realizou seu primeiro ESG day, detalhando metas e objetivos de longo prazo. O STF finalmente decidiu a antiga pendência de cálculo do ICMS, com expressivo resultado para muitas companhias.
— O STF Supremo Tribunal Federal definiu, em 14/05/2021, que o valor do ICMS a ser excluído da base de cálculo do PIS e da COFINS é o destacado na nota fiscal. Tal decisão tem efeito para diversas companhias listadas e a Petrobras já anunciou, em 20.05, que haverá um efeito positivo a ser reconhecido no resultado do 2T20 da ordem de R$ 4,4 bilhões (antes de efeitos fiscais). Isso implica, pelos nossos cálculos, em um valor por ação de aproximadamente R$ 0,34.
— A Sinopec construiu o primeiro posto de gasolina neutro em carbono, localizado em Changzhou, província de Jiangsu. O projeto conta com geração de energia fotovoltaica no lugar da usual (na China) queima de carvão, e ainda fornece a energia excedente. Nos próximos cinco anos, a Sinopec pretende construir 7.000 estações de geração de energia fotovoltaica. Acreditamos que essa é uma tendência a ser explorada pelas companhias globais, mas ainda distante da realidade brasileira.
— A Braskem realizou em 17.05 seu primeiro ESG day. No evento, apresentou suas metas de longo prazo e principais estratégias. Destacamos o objetivo de vender 300 mil toneladas por ano de produtos com conteúdo reciclado até 2025, chegando até 1 milhão de toneladas em 2030, bem como a meta de diminuição de 15% da emissão de gases de efeito estufa.
Os desafios são grandes, já que a empresa atua em um segmento que figura entre os principais produtores mundiais de lixo plástico, em sua maioria oriundo de combustíveis fosseis e cujas taxas de reaproveitamento gira em torno de 10% a 15%, de acordo com a consultoria australiana Minderoo.
Distribuição de combustíveis: dados operacionais
Em março, houve elevação nos volumes de vendas de combustíveis líquidos, com destaque para as vendas de diesel. Não houve mudanças expressivas na participação de mercado das principais companhias do setor.
Volumes de vendas e market share
Em março (último dado disponível), houve elevação a/a em praticamente todos os combustíveis líquidos, com destaque para o diesel, cujo volume de comercializado foi o maior para meses de março da série histórica, iniciada em 2000.
O índice ABCR, elaborado pela Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias, mede o fluxo pedagiado de veículos no País, e registrou alta de 3,6% a/a em março, com aumento de 0,1% no fluxo de veículos leves e alta de 11,6% no de pesados, explicando parcialmente a forte alta nos volumes de diesel.
Em relação a market share, foi um mês de variações pouco expressivas. Seguimos vendo a BR Distribuidora melhor posicionada no setor.
Vendas de combustíveis líquidos: dados operacionais
Em março, houve queda de 6,1% m/m nos volumes de etanol, moderado aumento em gasolina C (+1,9% m/m) e expressivo aumento nas vendas de diesel (+24,8% m/m).
Confira no anexo a íntegra do relatório preparado a respeito por
DANIEL COBUCCI, analista senior do BB INVESTIMENTOS.
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