LOJAS RENNER - Resultado no 1º Trimestre/2023
Negativo; contração de vendas e rentabilidade pressionada
Por Georgia Jorge, CNPI-P
04.08.2023
A Lojas Renner divulgou resultados fracos no 2T23. Tanto a operação de varejo, quanto a operação de serviços financeiros, sentiram o cenário menos propenso ao consumo ao longo do trimestre, com vendas mais lentas e aumento das provisões para devedores duvidosos, o que acarretou em perda de alavancagem operacional e queda do lucro líquido.
Desempenho das Ações.
As ações LREN3 acumulam queda de 7,7% desde o início do ano até ontem (03/08), tendo revertido parte da perda ao longo dos meses de maio e junho, período em que as ações registraram altas de 22,8% e 3,7%, respectivamente, com o mercado precificando a expectativa de corte de juros no segundo semestre.
Em nossa visão, a preocupação dos investidores com o ambiente concorrencial, em especial em relação às plataformas asiáticas, diante da entrada em vigor do programa “Remessa Conforme”, combinado com a divulgação de fracos resultados do 2T23, devem continuar pressionando o desempenho do papel ao longo do segundo semestre. Nesse sentido, optamos por rebaixar nossa recomendação para Neutra, enquanto mantemos o preço-alvo para o final de 2023 em R$ 26,00, até incorporamos os resultados mais recentes.
Desempenho econômico-financeiro
> Venda de Mercadorias.
A receita líquida proveniente da venda de mercadorias retraiu 5,6% na comparação anual e atingiu quase R$ 3,0 bilhões, 8,7% abaixo das nossas estimativas. Esse desempenho refletiu um cenário macroeconômico desafiador para o segmento de varejo de vestuário, combinado com temperaturas mais altas que o usual, o que interfere nas vendas da coleção de inverno, e uma base comparativa mais forte.
No que se refere às margens relativas à operação de varejo, houve contratação tanto de margem bruta (-2,0 p.p. a/a e -1,4 p.p. r/e), quanto de margem EBITDA Ajustada (-3,9 p.p. a/a e -2,6 p.p. r/e). O encolhimento da primeira deveu-se à maior necessidade de remarcação para ajustar os estoques nas lojas, além da menor demanda por produtos de inverno diante das temperaturas mais altas, enquanto a segunda foi prejudicada pela perda de alavancagem operacional, com as despesa de vendas, gerais e administrativas elevando em 3,4 p.p. sua participação como percentual da receita líquida na comparação anual, apesar da alta de apenas 3,4% a/a em valores absolutos.
Com isso, a margem EBITDA Ajustada atingiu 17,9%, 3,9 p.p. inferior a/a e -2,6 p.p. r/e.
> Produtos e Serviços Financeiros (PSF).
A operação de produtos e serviços financeiros teve crescimento de receita em 15,4% a/a (+4,5% r/e), superior ao crescimento da carteira de crédito no período, refletindo melhor gestão do portfólio e ajustes na precificação dos riscos. Já o aumento expressivo das perdas líquidas (+40,7% a/a), diante da elevação das provisões, impactou negativamente o resultado de serviços financeiros, que veio negativo em R$ 54,7 milhões, ante um resultado positivo de R$ 12 milhões no ano anterior e uma expectativa positiva de R$ 85 milhões em nossas projeções.
> Consolidado.
Tudo considerando, a receita líquida atingiu R$ 3,5 bilhões, -3,4% a/a e -6,6% r/e, com retração nas margens operacionais de 0,9 p.p. na margem bruta e de 5,6 p.p. na margem EBITDA Ajustada. Já o lucro líquido somou R$ 230 milhões, queda de 363% a/a e cerca de 55% abaixo das nossas estimativas. Além da contração do resultado operacional, o lucro líquido foi também prejudicado pela redução das receitas financeiras diante do menor saldo de caixa médio no período.
No que se refere ao endividamento da companhia, a Lojas Renner segue em uma situação bastante confortável de caixa líquido de R$ 575 milhões. Já em relação ao fluxo de caixa livre do trimestre, pontuamos que houve a geração de fluxo de caixa operacional de R$ 541 milhões, um consumo de R$ R$ 82,6 milhões em capital de giro e um consumo de R$ 186,5 milhões em investimentos. Tudo considerado, o fluxo de caixa livre no trimestre somou R$ 263 milhões, favorecida pela menor necessidade de capital de giro.
Por fim, o Capex do período somou R$ 236 milhões, equivalente a 6,7% da receita líquida do período. Os recursos foram distribuídos entre novas lojas (21%) e reformas (25%), TI (52%) e outros (2%).
Confira no anexo a íntegra do relatório elaborado a respeito
por GEORGIA JORGE, CNPI-P, analista do BB Investimentos
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