Arlene Elisabeth Clemesha, diretora do Centro de Estudos Árabes da USP.
O Brasil deve subir o tom na relação diplomática com Israel e revogar acordos militares e de segurança já firmados com o país, defende a Diretora do Centro de Estudos Árabes da USP.
A professora de História Árabe do Departamento de Letras Orientais da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP Universidade de São Paulo e atual diretora do Centro de Estudos Árabes da USP, Arlene Elizabeth Clemesh, também considera que o Brasil deve subir o tom na relação diplomática com Israel.
Arlene avalia que o governo deve sinalizar de maneira enfática que não concorda com o que Israel vem fazendo na Faixa de Gaza e na Cisjordânia. Ela também defende a revogação dos acordos militares e de segurança já firmados com Israel.
“É isso que se espera do governo brasileiro, agora que os brasileiros foram liberados. Também seria o caso de considerar uma sinalização de desagrado, na forma da chamada do nosso embaixador em Tel Aviv.
"Mas o mais importante é a ruptura dos contratos militares e de segurança. Só assim, com o cancelamento de contratos em vários países do mundo, o governo israelense será pressionado a parar o tratamento dado ao povo palestino”,
disse a professora à Agência Brasil.
“Gaza, é muito importante que se entenda, colapsou. A sobrevivência hoje em Gaza é do mais apto, do mais resiliente, do que tem sorte de não ser ferido gravemente e conseguir se defender.
"Incubadoras foram desligadas por falta de energia elétrica e, até onde tenho conhecimento, dois bebês já faleceram. Não há condições mínimas de vida em Gaza. O que está acontecendo é uma combinação de genocídio com limpeza étnica”,
criticou.
Arlene também disse que as primeiras listas de pessoas autorizadas a deixar Gaza só beneficiavam países com alianças estreitas com Israel, como EUA, Alemanha, Reino Unido, França e Ucrânia, mas apontou o retorno como um vitória da diplomacia.
“Os brasileiros eram poucos, comparados às mencionadas nacionalidades, que já estavam alocados próximo à fronteira com o Egito, próximo à passagem de Rafah”,
observou.
“A libertação dos brasileiros de Gaza, para que pudessem vir ao Brasil em segurança, foi uma enorme vitória para a diplomacia e para o governo brasileiro. Desde os primeiros dias desse ataque a Gaza, o Escritório Permanente de Representação Brasileira na Palestina vinha trabalhando intensamente para organizar logística e diplomaticamente a saída dos brasileiros. O empenho foi muito grande em todas as esferas, mobilizando o Itamaraty, o chanceler e o próprio presidente Lula”,
acrescentou.