Diário de Mercado na 4ª feira, 18.01.2017
Hamilton Moreira Alves, CNPI-T
Rafael Reis, CNPI-P
Resumo do dia.
Com uma agenda macro sem surpresas e dados de limitada relevância, o dia que seria apenas mais um capítulo no aguardo da posse de Donald Trump na 6ª feira foi marcado por discurso considerado duro pela presidente do BC norte-americano Janet Yellen ao final da tarde. A chairwoman trouxe alerta ao mercado, ao sinalizar “algumas altas por ano” prováveis no atual ciclo de normalização econômica nos EUA.
Domesticamente, destacou-se a presença do Ministro da Fazenda e do Presidente do Bacen no Fórum Econômico Mundial em Davos, onde embasaram perante autoridades e imprensa os movimentos que vêm adotando na busca pela retomada econômica do país, como a recente redução da taxa de juros, o controle da volatilidade cambial e o avanço de medidas de austeridade fiscal.
Mercado de Ações.
Praticamente sem direcionadores macro capazes de imprimir quaisquer tendências sistêmicas, a bolsa permaneceu “de lado” praticamente ao longo de toda a sessão.
Na hora final, no entanto, após a publicação do Livro Bege nos EUA, que antecipou um provável discurso hawkish de Yellen na sequência, a performance adentrou em definitivo no campo de queda.
O setor financeiro, responsável pelos melhores desempenhos na sessão da terça-feira, nesta sessão amargou desvalorização, contrabalançado pela Vale (VALE5: R$ 29,44; +3,33%), que se favoreceu de mais uma alta do minério de ferro no mercado internacional e impediu uma queda mais significativa no ponderado do Ibovespa.
Ao término do pregão, o benchmark fechou aos 64.149 pontos (-0,32%), acumulando 6,51% no mês (e no ano). O giro financeiro da Bovespa foi de R$ 7,84 bilhões, sendo o volume do mercado à vista de R$ 7,54 bilhões.
Agenda Econômica.
Domesticamente, a confiança do empresário industrial elevou-se em janeiro após 3 meses de queda, segundo a CNI (Confederação Nacional das Indústrias), chegando a 50,6 pts.
O dado, segundo metodologia do indicador, retornou a um grau de neutralidade, cujo limiar é indicado pela pontuação de 50 – dado acima do qual indica otimismo e abaixo denota pessimismo quanto ao panorama econômico nacional. Obtido através de pesquisa junto a 2.791 empresas, ainda que abaixo de sua média histórica (54,1 pts), o índice mostrou significativo avanço perante janeiro de 2016, quando se encontrava em 36,5 pts.
EUA
Nos EUA, a inflação ao consumidor (CPI – Consumer Price Index) avançou 0,3% no mês de dezembro ante novembro. Já o núcleo do indicador, que exclui da medição itens voláteis como alimentos e energia, elevou-se em 0,2% no período.
Ambas as margens mensais vieram em linha com suas projeções de mercado. No comparativo anual, o dado cheio mostrou uma elevação dos preços ante dezembro de 2015, de 2,1%, enquanto o núcleo avançou 2,2%, tendo este último superado ligeiramente as projeções (consenso: 2,1%), o que foi visto como positivo, pois reitera a visão de que a maior economia global vive um momento econômico sólido o suficiente, para gerar pressões de preços em níveis considerados salutares.
Também auspicioso à atividade norte-americana, o dado da produção industrial mostrou um avanço de 0,8% na margem mensal de dezembro frente a novembro. Não apenas o número reverteu a queda de 0,4% verificada no mês anterior, mas também superou as projeções dos investidores (consenso: 0,6%).
Juros.
Com ausência de indicadores de peso na data, verificaram-se apenas ligeiros avanços nas regiões intermediária e longa da estrutura a termo da curva de juros, acompanhando alta dos US Treasuries e fortalecimento do dólar, permanecendo os vencimentos mais curtos próximos da estabilidade.
Dólar e CDS.
A sessão foi marcada pelo avanço do dólar ante seus pares no mercado global de moedas. Perante o real, no entanto, a alta não foi mais significativa por conta de nova operação de swap cambial pelo Bacen, relativa à rolagem de mais 12 mil contratos para fevereiro, quantia análoga à da véspera.
Momentos antes do término do término da negociação, no entanto, por conta da divulgação do Livro Bege nos EUA, e elevação das ansiedades por conta do discurso de Janet Yellen, a divisa bateu as máximas e findou cotada a R$ 3,2176 (+0,25%), acumulando -1,14% no mês (e no ano).
Já o CDS (Credit Default Swap) brasileiro de 5 anos (CBIN) encerrou aos 254 pts, ante 250 pts na véspera.
Confira no anexo a íntegra do relatório sobre o comportamento do mercado na 4ª feira, 18.01.2017, elaborado por HAMILTON MOREIRA ALVES, CNPI-T, e RAFAEL REIS, CNPI-P, do BB Investimentos
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