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Internacional

20 de Junho de 2017 as 02:06:02



HELMUT KOHL, o homem que fez Moscou aceitar a reunificação alemã


Helmut Kohl, o homem que fez Moscou aceitar a reunificação alemã
 
Aleksêi Timofeitchev
para  Gazeta Russa
 
O ex-chanceler alemão Helmut Kohl, que faleceu na última sexta-feira (16), entrará para a história como o homem que facilitou o processo de reunificação da Alemanha em 1990.
 
Em negociações com o líder soviético Mikhail Gorbatchov, de cujo apoio dependia o governo da Alemanha Oriental, Kohl fez o possível para que a iniciativa fosse tomada conforme os interesses de Bonn. E o político sabia como obter o que queria de Boris Iéltsin, que logo se tornou o primeiro presidente da Rússia.
 
Por ter comandado o governo alemão há 16 anos, de 1982 a 1998, Helmut Kohl trabalhou com o último líder soviético, Mikhail Gorbatchov, e o primeiro presidente russo, Boris Iéltsin.
 
Ambos falavam do alemão com apreço, embora Kohl tenha defendido os interesses de seu país com grande resistência.
 
 
Démarche de Kohl
 
“Uma pessoa com grande vitalidade e personalidade forte”, disse Gorbatchov, ao descrever o ex-chanceler alemão.
 
“Um político inteligente e um homem sincero.”
 
Gorbatchov lembra que, logo no início, as relações entre os líderes, assim como entre Bonn (capital provisória da Alemanha Ocidental) e Moscou, não eram muito boas. “Kohl, publicamente, e de forma desrespeitosa, digamos, chamou a nossa perestroika de um golpe de propaganda. Por causa desse démarche, as relações entre a Alemanha Ocidental e a URSS foram congeladas”, explicou o líder soviético.
 
Mais tarde, quando as relações entre os países melhoraram, no final da década de 1980, ainda havia razões para o conflito entre Moscou e Bonn – desta vez, porém, diziam respeito à reunificação da Alemanha, que foi colocada na agenda soviética quando o governo da Alemanha Oriental começou a perder o controle da situação. Inicialmente, Kohl e Gorbatchov enxergavam soluções diferentes para a questão.
 
 
Mudança de opinião
 
Em novembro de 1989, Kohl anunciou ao Parlamento alemão um programa de 10 pontos que visava reunificar as duas partes da Alemanha, dando origem a um Estado confederado. A iniciativa não foi acolhida por Gorbatchov, embora, segundo ele, ambos os líderes tenham concordado em discutir as medidas.
 
Após o anúncio de Kohl, Gorbatchov destacou ao então ministro alemão das Relações Exteriores, Hans-Dietrich Genscher, que “os ultimatos estão sendo dados a um Estado alemão soberano” e chamou a declaração do chanceler de “erro político”.
 
Apesar da resistência inicial, o líder soviético admitiu no início de 1990 que a reunificação da Alemanha havia se tornado um objetivo puramente prático.
 
Alguns acadêmicos acreditam que a mudança de opinião estivesse relacionada ao pedido que o líder soviético enviou Kohl no início de janeiro daquele ano.
 
Moscou havia solicitado a Bonn que fornecesse à URSS uma ajuda alimentar no valor de milhões de marcos alemães. Devido a difícil situação econômica no regime soviético, já era possível alimentar a população, e Kohl acatou o pedido.
 
Durante a visita urgente do chanceler alemão a Moscou, em 10 de fevereiro de 1990, Gorbatchov disse que a questão da unidade da nação alemã seria “decidida pelos próprios alemães”, dando luz verde ao processo. Na coletiva de imprensa na capital soviética, Kohl declarou que havia sido feito um “avanço” na questão.
 
Adesão alemã à Otan
 
Após reunificar as duas Alemanhas, Kohl também conseguiu que o país aderisse à Otan (Aliança do Atlântico Norte). A princípio, Moscou insistiu no status neutro da Alemanha, mas depois concordou com o fato de país se tornar membro da aliança.
 
O conselheiro de Kohl, Horst Teltschil, lembra que, ao chegar em Moscou em julho de 1990, o chanceler exigiu que Gorbatchov aceitasse a adesão da Alemanha à Otan; caso contrário, deixaria imediatamente a URSS e cancelaria a viagem planejada com Gorbatchov ao norte do Cáucaso.
 
Gorbatchov concordou em retirar as tropas da Alemanha Oriental, e, em troca, Bonn forneceu ajuda financeira e alimentos a Moscou.
 
Segundo o ex-secretário do Comitê Central do Partido Comunista da União Soviética, Valentin Falin, na véspera do encontro, Gorbatchov pediu ao alemão “de 3 a 4 bilhões de marcos”, alegando “não ter com o que alimentar o povo”.
 
No entanto, Falin acredita que o valor da ajuda pode ter chegado a 100 bilhões de marcos alemães. “Além de não poder insistir no status não alinhado da Alemanha reunificada, Moscou concordou que armas nucleares táticas dos EUA permanecessem na parte ocidental da Alemanha. Isso foi chamado de o maior triunfo da Otan.”
 
Amizade com Iéltsin
 
Após a queda da URSS e a saída de Gorbatchov da cena política, Kohl construiu relações com o herdeiro do Kremlin – o primeiro presidente da Rússia, Boris Iéltsin. Em dezembro de 1992, Kohl fez sua primeira visita à Federação Russa.
 
No total, o chanceler alemão e Iéltsin realizaram cerca de 20 reuniões. O líder russo tinha interesse em preservar as relações construtivas com a Alemanha e não mudou o curso que seu antecessor assumiu na questão alemã. Foi durante o mandato de Iéltsin que as tropas soviéticas foram integralmente retiradas do território alemão.
 
Quando o russo faleceu em 2007, Kohl disse se tratar de “uma grande perda” e lembrou, “com prazer, das nossas reuniões sinceras e politicamente inestimáveis, durante as quais ele provou ser um parceiro confiável e um verdadeiro amigo”.
 
Iéltsin também referiu-se ao ex-chanceler alemão como “amigo” em muitas ocasiões. A viúva do ex-presidente russo, Naina, lamentou na sexta-feira a morte de Kohl, afirmando ter sido “um homem que fez muito pelo desenvolvimento de relações em pé de igualdade entre seu país e a nova, democrática Rússia”.
 
 
Fonte: GAZETA RUSSA


Fonte: GAZETA RUSSA





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