BRADESCO - Resultado no 2º trimestre de 2017
Conforme esperado
01.08.2017
O Bradesco divulgou um resultado trimestral neutro com lucro líquido de R$ 4.704 mi, 2,5% acima do nosso número e 2,8% maior que o consenso. O principal destaque positivo foi a melhora na qualidade dos ativos, com o índice de inadimplência declinando 70 bps t/t devido à baixa para prejuízo de um cliente específico do segmento PJ.
Por outro lado, o resultado ainda está cheio de peças móveis, como:
i) um novo impairment de R$ 414 milhões;
ii) a venda de uma carteira de R$ 1,3 bilhão já baixada para prejuízo; e
iii) a revisão do guidance 2017.
O resultado do segundo trimestre veio estritamente em linha com nossas estimativas, embora o lucro líquido esteja levemente acima da nossa projeção em decorrência da taxa efetiva de imposto menor que a esperada. A diferença da taxa efetiva de imposto foi novamente explicada por uma maior amortização do ágio.
Novo guidance.
O Bradesco ajustou suas estimativas para 2017, reduzindo a expectativa de crescimento de crédito e, consequentemente, o resultado financeiro (NII). Em relação as receitas de prestação de serviços, o mínimo das estimativas anteriores (12%) virou o máximo no novo guidance. Pelo lado das despesas, a nova estimativa de despesas de provisão está entre 7% e 11% e a range reduziu em R$ 3 bi.
O novo guidance está em linha com as nossas estimativas, principalmente em relação ao aumento do NII, pois estávamos céticos em relação às estimativas anteriores, além do ritmo de crescimento de crédito, ao qualprovavelmente revisaremos depois da temporada de resultados. Entretanto, a revisão doguidance, em nossa opinião, corrobora com nossa tese de que a recuperação econômica deverá ser mais lenta que a esperada depois que a crise política trouxe mais incertezas, tornando o cenário menos óbvio.
Atual versus estimado.
O resultado financeiro diminuiu 0,8% t/t e ficou em linha com a nossa estimativa, impactado por um impairment de R$ 414 mi neste trimestre. As despesas de provisão cresceram 2,2% t/t e foram a principal divergência com as nossas projeções (4,6%).
Esse crescimento nas despesas de provisão é decorrente de um aumento nas provisões genéricas, as quais indicam que a qualidade dos ativos ainda pode sofrer. A receita de serviços, por sua vez, foi afetada pela menor quantidade de dias úteis no 2T ficando em linha com os nossos números (-0,3%), enquanto as despesas operacionais cresceram 1,2% t/t devido às despesas de marketing mais altas.
Os ganhos de sinergia relacionados com a incorporação do HSBC Brasil já são visíveis nesse resultado trimestral, entretanto, ainda timidamente. Finalmente, o lucro líquido ficou 2,5% acima das nossas estimativas devido a taxa efetiva de imposto menor que a esperada.
Perspectivas.
Em nossa opinião, o Bradesco apresentou um resultado trimestral neutro, estritamente em linha com nossas estimativas e sem impacto no preço das ações BBDC4.
Entretanto, mesmo com a revisão do guidance, já em linha com as nossas projeções, podemos ver algumas revisões de preço e mudanças no consenso, o que poderia levar a pressão na venda de ações.
Assim, mantemos nossa opinião neutra para a companhia e nossa recomendação de Market Perform enquanto o Bradesco ainda tem desafios com a integração do HSBC Brasil a serem abordados.
Confira no anexo a íntegra do relatório de análise do resultado apresentado pelo BRADESCO no 2º trimestre/2017, elaborado por Wesley Bernabé, Carlos Daltozo e Kamila Oliveira, da equipe do BB Investimento.