Produção industrial avança em dezembro
e fecha 2017 com o maior ritmo de crescimento anual
Resultado acima do esperado em dezembro.
• A produção industrial subiu 2,8% em dezembro ante novembro, acima da mediana das expectativas (2,0%) e levemente acima da nossa projeção (2,4%). Em 2017 houve alta de 2,5%, o maior ritmo de crescimento desde 2010.
• O resultado acima do esperado no mês deve ser lido com cautela. A recessão recente mudou a composição da indústria, reduzindo a importância de setores cíclicos (que sazonalmente tendem a contrair mais em dezembro). Dessa forma, o filtro estatístico que corrige a série por fatores sazonais provavelmente ajustou o nível de produção (para cima) mais do que seria consistente com a nova composição da indústria.
• Os indicadores ligados à formação bruta de capital fixo seguem consistentes com crescimento desse componente da demanda. Apesar de a produção de bens de capital ter ficado estável na margem (após sete altas consecutivas) a produção de insumos da construção civil subiu 5,0% e acumula alta de 7,2% na comparação anual.
• A projeção preliminar para janeiro é de queda dessazonalizada de 2,1%, ainda consistente com uma tendência de alta.
Produção industrial acima das expectativas, com alta disseminada
A produção industrial subiu 2,8% em dezembro na comparação mensal dessazonalizada. O resultado veio acima da mediana das expectativas (2,0%) e levemente acima da nossa projeção (2,4%). Em relação ao mesmo mês de 2016, houve alta de 4,3%.
O resultado acima do esperado no mês deve ser lido com cautela. A recessão recente mudou a composição da indústria, reduzindo a importância de setores cíclicos (que sazonalmente tendem a contrair mais em dezembro). Dessa forma, o filtro estatístico que corrige a série por fatores sazonais provavelmente ajustou o nível de produção (para cima) mais do que seria consistente com a nova composição da indústria.
Apesar dessa ressalva com o crescimento de dezembro, a produção industrial mostrou crescimento de 2,5% em 2017, o melhor resultado anual desde 2010. Nos últimos o ritmo de crescimento foi: 2010 (10,2%), 2011 (0,4%), 2012 (-2,3%), 2013 (2,1%), 2014 (-3,0%), 2015: (-8,2%), 2016 (-6,4%).
A abertura por categoria econômica mostra altas em bens de consumo duráveis (5,9%), bens intermediários (1,7%) e bens de consumo semi duráveis e não duráveis (3,0%). A produção de bens de capital ficou estável na margem, após sete meses consecutivos de alta.
Pela ótica da atividade econômica, houve recuo de 1,5% na indústria extrativa e alta de 3,1% na indústria de transformação. Uma desagregação maior (em 24 atividades) mostra um quadro consistente com o resultado agregado, com alta no mês em 83% das atividades.
Os setores ligados ao investimento seguem crescendo de forma consistente com a recuperação gradual da atividade econômica. A produção de insumos típicos da construção civil avançou 5,0% em dezembro e acumula alta de 7,2% na comparação anual, apesar de a produção de bens de capital ter ficado estável (após sete meses consecutivos de alta).
Indicadores coincidentes sinalizam recuo em janeiro
Os primeiros indicadores coincidentes (confiança da indústria, utilização da capacidade instalada, dados semanais de comércio exterior e consumo de energia, prévias do setor de automóveis, entre outros) sinalizam recuo de 2,1% da produção industrial em janeiro (alta de 5,9% na comparação anual). Cabe notar que a tendência de alta (avaliada pela média móvel de três meses) continuaria mesmo se essa queda for confirmada.
Mapa de calor: produção industrial continua acelerando
Nosso mapa de calor também sinaliza uma aceleração mais disseminada da indústria em dezembro. Olhando para as principais categorias de produção, apenas mineração e bens de consumo não duráveis ficaram em território neutro. Na abertura por segmento, quinze setores estão aquecendo, seis em território neutro e dois estão esfriando.
Artur Manoel Passos
Alexandre Cunha
economistas do ITAÚ BBA